cover
Tocando Agora:

Mural de Recados

Taxação do café brasileiro pelos EUA preocupa produtores em meio à queda nos preços no Sul de Minas

Preço da saca de café registra queda após alta histórica em fevereiro Produtores de café em Minas Gerais vivem um momento de incerteza com a forte oscilaç...

Taxação do café brasileiro pelos EUA preocupa produtores em meio à queda nos preços no Sul de Minas
Taxação do café brasileiro pelos EUA preocupa produtores em meio à queda nos preços no Sul de Minas (Foto: Reprodução)

Preço da saca de café registra queda após alta histórica em fevereiro Produtores de café em Minas Gerais vivem um momento de incerteza com a forte oscilação nos preços do grão e, agora, com a nova taxação imposta pelos Estados Unidos. O presidente Donald Trump assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que estabelece tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, incluindo o café. A medida passa a valer no próximo dia 6 de agosto e causou imediata reação do setor exportador. 📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgou um vídeo em que manifesta preocupação com o impacto da medida sobre a principal pauta de exportação agrícola brasileira. Segundo o diretor-geral Marcos Matos, o Brasil é o maior fornecedor de café para os EUA, com 33% do mercado. “O Brasil vai seguir exportando. O Brasil é insubstituível, da mesma forma que os Estados Unidos também são insubstituíveis. O esforço agora é criar um ambiente para iniciar a negociação”, afirmou. Enquanto as negociações não avançam, no campo, os efeitos da instabilidade já são sentidos. Na Fazenda São Domingos, em Três Pontas (MG), o cafeicultor Rodrigo Vilela Rezende enfrenta dificuldades para aproveitar os bons momentos do mercado. Com 38 hectares plantados e cinco variedades, ele viu a saca de café atingir o pico de R$ 2.769 em fevereiro, mas só conseguiu iniciar a colheita agora — quando o preço caiu para cerca de R$ 1.795, uma desvalorização de 35%. Leia também: Ignorados nas exceções do tarifaço, exportadores do café brasileiro dizem ainda acreditar em acordo Taxação do café brasileiro pelos EUA preocupa produtores em meio à queda nos preços no Sul de Minas Reprodução EPTV “Eu não tinha estoque e não tinha café sendo colhido. Então não consegui aproveitar o momento de café a R$ 2.700. Agora estamos com 70% a 80% da colheita das árvores concluída, e vamos começar a varrição, que está atrasada”, relata Rodrigo. Ao lado do pai, Roberto Rezende, ele administra a lavoura com ensinamentos que vêm desde 1915. “O cafeicultor é refém do mercado. A gente sempre tem contas a pagar, depende da venda do produto e sofre com as intempéries e o comportamento volátil das commodities”, diz o pai. A produção deste ano deve ser menor que a de 2024: foram 700 sacas colhidas no ano passado, contra uma expectativa de, no máximo, 500 neste ano. Além disso, o produtor já tem parte da produção comprometida — 60 sacas em troca de insumos com a cooperativa e outras 20 sacas travadas a R$ 1.400. “Tem que focar nas variáveis que conseguimos controlar, como o custo de produção. E buscar produzir cafés especiais, que paguem acima da média de mercado”, avalia Rodrigo. Cenário global e tarifas A queda no preço do café, segundo analistas, já era esperada com a entrada da safra brasileira no mercado. O corretor Luiz Antônio Russo Furlan explica que o movimento de alta começou com a frustração da safra no Vietnã e foi intensificado por problemas climáticos no Brasil. “O mercado reagiu à possibilidade de escassez e os preços subiram até junho. Agora, com maior oferta, houve recuo. Mas o cenário global segue sensível”, destaca. Mesmo com a queda, o exportador Edson Menegueli vê o momento como positivo. “Café entre R$ 1.800 e R$ 2.000 é um ótimo preço. A taxação dos EUA não deve afetar diretamente o mercado, porque haverá apenas uma reorganização dos fluxos: o café que iria aos Estados Unidos vai para a Europa e vice-versa”, avalia. Para ele, o fator que pode sustentar os preços nos próximos meses é a queda na produção durante a limpa — fase da colheita em que os grãos restantes são recolhidos do chão. Taxação do café brasileiro pelos EUA preocupa produtores em meio à queda nos preços no Sul de Minas Reprodução EPTV Para o presidente do Centro do Comércio de Café de Minas Gerais, Ricardo Schneider, uma nova disparada de preços, como a de fevereiro, não é esperada no curto prazo. “A tendência é o mercado buscar um novo patamar de equilíbrio. O produtor não está vendendo com os preços atuais, e isso reduz o fluxo de comercialização. É uma queda de braço entre quem vende e quem compra”, afirma. Enquanto o mercado internacional se movimenta e as tarifas ameaçam afetar a competitividade do produto brasileiro, produtores como Rodrigo seguem firmes. A paixão pela atividade fala mais alto. “Desistir de ser cafeicultor não passa pela minha cabeça. Café corre na veia da gente aqui”, diz ele. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas